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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 16 de outubro de 2007


Nobel de Economia é sempre para time B

Sylvia Nasar, a autora do livro “Uma mente brilhante”, que conta a vida do gênio da teoria dos jogos John Nash e inspirou o filme homônimo, disse que o Prêmio Nobel de Economia “ocupa um lugar anômalo e ocasionalmente precário no panteão brilhante dos Prêmios outorgados pela Academia Sueca”.

O comentário é de Sebastián Campanario e publicado pelo jornal Clarín, a propósito do Prêmio Nobel de Economia de 2007 concedido a três economistas que seguem a teoria dos jogos.

Segundo ele, para começar, o Prêmio Nobel de Economia é o único dos prêmios que não foi estabelecido originalmente por Alfred Nobel, em 1895. O Prêmio para a denominada “ciência sombria” foi criado em 1969, por iniciativa do Banco Central da Suécia, que buscou um golpe de efeito de marketing para celebrar os seus 300 anos de história.

Ainda que distribua o mesmo dinheiro que os prêmios restantes, e está submetido ao mesmo processo bizantino de seleção (3 mil pessoas determina a sorte de uma média de 300 aspirantes), o Nobel de Economia é o que tem gerado as maiores controvérsias. Como a Economia está longe de ser uma ciência exata, dão-se casos insólitos, como o de 1974, quando ganharam o Prêmio o sueco Gunnar Myrdall, da progressista Escola de Estocolmo, e o neoclássico Friedrich Hayek, por dizer basicamente o contrário.

Nasar (foto) conta que entre os muitos acadêmicos prevalece a sensação de que aqueles que mereciam realmente o Nobel já o ganharam, e já há alguns anos ele é concedido a “teóricos de segunda categoria” ou integrantes de uma “equipe B”. Outros favoritos são postergados por questões políticas como é o caso de Paul Krugman, raivoso militante anti-Bush.

Nas ciências restantes, o Nobel serve para estimular “trabalhos futuros”. Mas em Economia se trata mais de um “reconhecimento à trajetória”, como o mostram a média de 10 anos a mais de idade dos premiados em outros campos, ou os 90 anos de “Leo” Hurwicz, premiado ontem.


7 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pode ser que sim e pode ser que não. Talvez seja preconceito contra essa complicada ciência, a economia, que consegue dominar nossas vidas e estragar certos alinhamentos da ideologia. Mas vivenciamos, também, uma onda de banalização de idéias de mundo. Fica dificil e complicado vencer os espectros reguladores do pensée unique da economia: controle de inflação, gestão responsável, transparência, controle fiscal etc. Não existe muita variação além disso. Parece ser essa a linguagem ortodoxa que devemos seguir para um mundo melhor e possível. Parece. É o que os governos responsáveis fazem. Pelo menos, dizem que fazem. O Nobel de 2007 foi entregue a 3 economistas americanos que desenvolveram estudo científico para a criação de regras sobre situações em que há conflito de interesses econômicos. Seria um prêmio para a economia de resultados. Nesses conflitos, os preços de mercados ficam ocultos, os atores, por interesses, não querem baixar ou divulgar os preços, as margens de lucro, o que geralmente ocorre no mundo do comércio e dos negócios.
Os economistas premiados desenvolveram estudos exatamente sobre essas situações. Qual o efeito prático disso?
É o que diz a Folha de hoje:
Interferir nas regras do jogo de modo a fazer com que a sociedade como um todo lucre em detrimento de apenas um participante -geralmente o de maior poder econômico- é objeto da "matemática" do desenho de mecanismos. Para especialistas, a academia sueca premiou ontem uma espécie de "economia de resultados".

José Elesbán disse...

Tempos atrás, o Luis Nassif esteve comentando do caráter ideológico que tem o Prêmio Nobel de Economia. No caso, o prêmio têm um caráter bem mais político do que os outros.
Física e química são um pouco mais neutros, embora tanto uma quanto a outra possam ser usados tantos para fins benéficos quanto claramente maléficos.
O Nobel de Literatura, bem ou mal, procura avaliar a obra de escritores, e muitas vezes torná-los mais conhecidos, mesmo deixando de premiar alguém que talvez merecesse ser premiado.
Já o de economia tem essa coisa citada no texto mesmo, de eleger um por uma idéia, e outro pela idéia oposta.

Anônimo disse...

Normalmente, economista tem a mesma utilidade de um absorvente: nos melhores lugares, nas horas mais impróprias para estancar hemorragias inúteis.

Anônimo disse...

Maia! Gostaria que fizesse um comentário, como sempre abalisado, sobre física quântica ou medicina ortomolecular.

Um abraço.

Anônimo disse...

Nobel de economia = Lixo. Post muit conservador inclusive..Achei até engraçado a ZH dizer hoje q o nobel estava premiando economistas não ortodoxos!!hahah piada, agora qualquer ser que disser q o mercado não se auto-regula e não acreditar no todo poderoso vira não ortodoxo!! O mainstream econômico é regulacionista (da escola neoclassica), neo-institucionalista e não liberal puro!E nem por isso deixa de ser liberal! É Yeda x Feijó! Nem Smith acreditava na mão invisivel...nunca afirmou que os mercados~eram intocáveis... Muda o perfume mantém a essência.
Agora os outros prêmios nobeis são axiologicamente neutros??? Faz-me rir AL GOre como Nobel da PAz...Quem ddefine qual "descoberta" é mais relevante para humanidade???
Todos estes autores premiados partem do pressuposto da concorrÊncia perfeita, entendendo a não perfeição prática, defendem mecanismos de "controle"...Como bem colocou o Maia, isso pressupõe que o capitalismo gera bem estar, ponto ótimo de pareto!

No passado como era mainstream, algun Keynesianos ou progressistas foram premiados, hoje 99,9%, não sei todos, dos que são premiados são neoclassicos e suas variações, tem como base a idéia de equilibrio do capitalismo, bla bla Hoje normalmente é premiado que desenvolve uma variação para explicar pq q o mercado não gera bem estar (informação imperfeita, externalidades,...)e que escreveu um manual para universitários. Se esses requisitos forem preenchidos, pronto você é um Nobel!

Anônimo disse...

Cristovão
A questão é muito mais grave. O dito "prêmio Nobel de Economia" é uma impostura!. Na verdade, ele é o "Prêmio do Banco Central Sueco em Ciências Econômicas em homenagem a Alfred Nobel". Impostura, por sinal,referendada por recente exposição na FAc. de Economia da UFRGS! O próprio filho do A. Nobel e eminentes cientistas da Academia Sueca já protestaram contra a assimilação entre os verdadeiros prêmios Nobel e essa indicação oportunista dos setores conservadores que administram o Banco.
Enquanto os verdadeiros são atribuidos por comitês científicos a falcatrua do banco promove em escala mundial um pensamento que é, na quase totalidade dos casos, conservador, medíocre e associado ao caráter predatório da expansão neoliberal.
Por exemplo, economistas como Celso Furtado jamais seriam indicados. Nunca veremos sequer a indicação de figuras extraordinárias como o prof. Paul Singer (USP e Sec. Nacional de Economia Solidária) ou como o M. Yunus (Grameen Bank, Bangaladesh)esses sim, responsáveis por um pensamento crítico ou por experiências econômicas inovadoras que fazem avançar a humanidade de maneira responsável e solidária.
Saudações Solidárias.
Antonio David Cattani

Cristóvão Feil disse...

Salve!

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