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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 2 de outubro de 2007


O legado de Che Guevara

Em 8 de outubro cumpre-se o quadragésimo aniversário do assassinato de Che Guevara pelo exército boliviano. Após sua prisão, em 8 de outubro de 1967, foi executado friamente, por ordens da CIA. Seria “muito perigoso” mantê-lo vivo, pois poderia gerar ainda mais revoltas populares em todo o continente.

Decididamente, a contribuição de Che, por suas idéias e exemplo, não se resume a teses de estratégias militares ou de tomada de poder político. Nem devemos vê-lo como um super-homem que defendia todos os injustiçados e tampouco exorcizá-lo, reduzindo-o a um mito.

Analisando sua obra falada, escrita e vivida, podemos identificar em toda a trajetória um profundo humanismo. O ser humano era o centro de todas as suas preocupações. Isso pode-se ver no jovem Che, retratado de forma brilhante por Walter Salles no filme Diários de Motocicleta, até seus últimos dias nas montanhas da Bolívia, com o cuidado que tinha com seus companheiros de guerrilha.

A indignação contra qualquer injustiça social, em qualquer parte do mundo, escreveu ele a uma parente distante, seria o que mais o motivava a lutar. O espírito de sacrifício, não medindo esforços em quaisquer circunstâncias, não se resumiu às ações militares, mas também e sobretudo no exemplo prático. Mesmo como ministro de Estado, dirigente da Revolução Cubana, fazia trabalho solidário (foto) na construção de moradias populares, no corte da cana, como um cidadão comum.

Che praticou como ninguém a máxima de ser o primeiro no trabalho e o último no lazer. Defendia com suas teses e prática o princípio de que os problemas do povo somente se resolveriam se todo o povo se envolvesse, com trabalho e dedicação. Ou seja, uma revolução social se caracterizava fundamentalmente pelo fato de o povo assumir seu próprio destino, participar de todas as decisões políticas da sociedade.

Sempre defendeu a integração completa dos dirigentes com a população. Evitando populismos demagógicos. E assim mesclava a força das massas organizadas com o papel dos dirigentes, dos militantes, praticando aquilo que Gramsci já havia discorrido como a função do intelectual orgânico coletivo.

Teve uma vida simples e despojada. Nunca se apegou a bens materiais. Denunciava o fetiche do consumismo, defendia com ardor a necessidade de elevar permanentemente o nível de conhecimento e de cultura de todo o povo. Por isso, Cuba foi o primeiro país a eliminar o analfabetismo e, na América Latina, a alcançar o maior índice de ensino superior. O conhecimento e a cultura eram para ele os principais valores e bens a serem cultivados. Daí também, dentro do processo revolucionário cubano, era quem mais ajudava a organizar a formação de militantes e quadros. Uma formação não apenas baseada em cursinhos de teoria clássica, mas mesclando sempre a teoria com a necessária prática cotidiana.

Acreditar no Che, reverenciar o Che hoje é acima de tudo cultivar esses valores da prática revolucionária que ele nos deixou como legado.

A burguesia queria matar o Che. Levou seu corpo, mas imortalizou seu exemplo. Che vive! Viva o Che!

Artigo do economista João Pedro Stédile, membro da Coordenação Nacional do MST, da Via Campesina e do Movimento Consulta Popular.

Foto: do meio, Che com Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.

28 comentários:

Anônimo disse...

"Numa viagem a Cuba, conheci um 'contra', daqueles contra tudo: Fidel, socialismo, revolução e, naturalmente, contra o Che. Mas, reconhecia ser impossível lutar contra um gigante como Che. Dizia: 'não era humano, era de outro planeta'. Pois é, a revistona fascista 'Veja', acha o contrário, acha que Che era como ela, portanto, sem caráter. A cada semana, escolhe uma vítima, não importando se vivo ou morto. Nas aleivosias, são canalhas por opção. Tentam aquilo que nem a CIA ousou, ou seja, conspurcar a bravura e heroísmo desse lutador. Sim, porque pode-se discordar de suas idéias, mas daí a duvidar de sua luta e bravura, é obra para canalhas anões, destes que abrigam cobras e rastejantes parecidos."


Armando Silva do Prado

Carlos Eduardo da Maia disse...

Li, na juventude, na mocidade as os diários e os estudos sobre guerrilhas e estratégias de Guevara. Na época me chamou a atenção que Guevara não era lá um bom escritor, meio prolixo, meio ingênuo e carregado de um lado autoritário muito forte. Mas meu amor pelo socialismo e pelo pensée unique da revolução me fez "passar por cima" desses detalhes pequeno-burguês. Com o sonhador Guevara não havia meio termo ou meias palavras, era tudo ou nada. Era 8 ou 80. Mais tarde - depois que a ficha caiu - continuei fascinado pela vida de Che, pelo seu mito e sua grife. Lá pelas tantas, nas livraria da vida, retirei das estantes duas biografia de Che, pelo mexicano Jorge Castañeda, uma vida em vermelho e pelo americano Anderson. Devorei as duas obras.
Constatei que eu não estava totalmente errado quanto a Che, pois depois de ler suas biografias -- que realmente são fascinantes -- e aquele sentimento de que Che realmente era um carinha ingênuo, carregado de espírito autoritário, que não conseguia receber um não ficou muito concreto. Pior, além disso, lendo as biografias se aprende um outro lado de Che, o Che assassino, impiedoso, totalitário. Che comandou a execução de centenas de pessoas no quartel "La Cabaña", nos primeiros anos da revolução cubana. Depois, Che foi presidente do Banco Central Cubano e Ministro do governo Fidel. Foram administrações pífias, porque Che, ingenuamente, acreditava que bastava ter boa vontade socialista para realizar uma boa administração. Fracassou nessa atividade administrativa e resolveu fazer o que realmente gostava: revolução em outros lugares. Foi para o Congo Belga e seu deu mal. Na Bolívia não conseguiu o apoio de quase ninguém. Foi executado em La Higuera. Morreu e nasceu um ícone torto.

Anônimo disse...

Maia, se v. leu Anderson, jornalista norte-americano, deveria ter aprendido que a respeito de matar ele foi didático:"na guerra se trata de matar inimigos". Em "La Cabanã", não estavam flores em forma de pessoas, mas criminosos, estupradores, violadores, contra-revolucionários, numa palavra, inimigos da revolução. Assim, como matou em combate, Che morreu como conseqüência de sua luta. Por isso, se reconhece sua bravura. Não venha com releituras, a partir de revistonas e revistinhas e autores fascistas.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, estou proibido, pelo dono do Blog, de fazer mais de um comentário por post. Não se trata de fascismo, mas de realidade. Che foi - SIM - um assassino cruel, intolerante, totalitário, uma criança mimada que não tinha limites. As pessoas em La Cabaña eram fuziladas sumariamente, apenas porque estavam lá e eram considerados (por quem, cara pálida????) "inimigos da revolução". Nenhum humanista, nenhuma pessoa sensata, nenhuma pessoa com o mínimo de escrúpulo iria compartilhar de tão macabra situação, mas Che foi o comandante que determinou a morte de cada um, apenas porque essas pessoas discordavam da revolução. E Che é adorado pelo mesmo rebainho alienado que canta as marchas do MST. Isso se chama massa de manobra. A grife Guevara é uma adoração à desumanidade. E que bom que a história pode ser reescrita.

Anônimo disse...

Quem é este Maia para catalogar alguém como "ícone torto"? Maia, ícones tortos foram Médici, Pinochet, Mussolini, Hitler et caterva. Pelo amor de Deus, por que tu e as "publicações" da onde tu mata a tua sede, não escrevem laudas e mais laudas louvando Médici, Pinochet, Mussolini et caterva, agora, incluindo Bush? Seria vergonha? Maia, tu e as publicações aonde tu mata tua sede, estão aí para tentar destruir o que vocês acreditam sejam manifestações de "esquerda". Maia, faça uma campanha para que os ídolos de "direita" tenham um lugar na história. Afinal, vocês se alimentaram e se alimentam deles. Vocês se alimentam deles. Eles tiveram um papel na história. Louve-os, caro Maia, pois foram e são representantes da tua ideologia. Deixe-nos aqui com nossos "anjos tortos". Por que são nossos heróis. Independente de acertos ou erros. Por que eles são nossos heróis por que eles pensavam ou pensam no ser humano como motor da história, não como equações cartesianas, que compõem um item na "mão invisível do mercado". Por favor Maia, toda diversidade é bem vinda e paciência tem limites.

Carlos de Castro disse...

A última edição da revista Veja publica um panfleto anticastrista intitulado: "A quarenta anos morria o homem e nascia a farsa".

Sim, panfleto anticastrista, pois aquilo não é reportagem. Ao esculhambar a imagem de Che Guevara, Diogo Shelp e Duda Teixeira, atacam todas as esquerdas, e cometem erros jornalísticos e históricos graves, quando só citam fontes anticastristas de Miami.
Desculpem, mas o retso do texto está em http://ribimbocadaparafuseta.blogspot.com/

Anônimo disse...

Mas esse diogo shelp pertece ao bando dos malfeitores do jornalismo...Parabéns Cristóvão. Teu blog é sensacional.

José Elesbán disse...

Caro Cristóvão,
Favor dar uma olhada no Ainda a Mosca Azul, por favor!

Anônimo disse...

O maia tá pedindo prá ir para o paredão!! Quem se habilita???

Vá ler a veja, vai maia!!!!Uma pessoa para citar a veja como exemplo de alguma coisa e achar q tá fazendo a melhor argumentaçao só pode ser meio doente.
Ainda acho que o maia (seguindo a linha do Estadão) é uma adolescente, de aparelho e que usa camisa pólo rosa!!!!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Castro, a VEja não cita apenas fontes anticastristas, os gusanos da vida. A Veja cita duas biografias que são muito boas: do americano Anderson e do mexicano Castañeda. Eu li as duas, porque sou fascinado pela vida de Guevara e recomendo. Eduardo, os mitos não são intocáveis e as pessoas incautas têm que saber a história completa, inclusive o que aconteceu nos porões de La Cabaña. E mais, o regime do ditador tirano e fascista Batista caiu de podre, não ofereceu praticamente nenhuma resistência. Não era preciso Guevara dar ordens de execução sumária. Fez isso porque sempre foi autoritário e não tinha limites, a velha história stalinista: os fins justificam os meios. E tem gente que acredita. Sorry, Cristóvão por mais esse post, mas me mantenho no assunto do post e fui questionado.

Anônimo disse...

Ainda existem os sem-terra? Se existem, devem estar recebendo aposentadoria do governo Lula. Este Stédile, que gritava e sapateava no passado, deve estar em casa colorindo fotos do Che. Apóia o governo revolucionário do Delúbio Dirceu, Genuino Cueca e todos outros. É mais um revolucionário de sobremesa, de fim de janta.

Anônimo disse...

Maia, pois tá na hora de v. reler o John Anderson, pois pelo visto v. já esqueceu. Releia e verá que em nenhum momento se fala em assassinatos de contra-revolucionários. Em nenhum momento se fala em crimes, mas em luta revolucionária, em guerra. Aliás, o jornalista norte-americano é honesto nos relatos.

Quanto a Batista e seu regime ter caído de podre, acho melhor nem comentar, tamanha é a bobagem. Só um detalhe: na época Batista era o regime mais bem armado da América Central, superando os demais aliados dos EUA.

Anônimo disse...

Médicos cubanos operaram homem que matou Che Guevara
Sargento do Exército boliviano, Mario Terán matou Che Guevara depois que ele foi capturado no leste da Bolívia.

Ele sofria de cataratas e no ano passado passou por uma operação para removê-las, como parte de um programa cubano de oferecer tratamentos oftalmológicos gratuitos em toda a América Latina.

A informação foi publicada no jornal oficial Gramma às vésperas das comemorações do 40º aniversário da morte de "Che", no próximo dia 9 de outubro.

"Quatro décadas depois de Mario Teran ter tentado destruir um sonho e uma idéia, Che retorna para vencer mais uma batalha", diz o jornal. "Hoje um homem velho, ele [Terán] pode apreciar de novo as cores do céu e da floresta, admirar os sorrisos dos seus netos e assistir a jogos de futebol."

À época da operação, o filho de Terán escreveu artigo no jornal boliviano Deber agradecendo aos médicos cubanos por recuperar a visão do pai.

Do noticiário "Espaço Vital"

Anônimo disse...

É Impressionante eu pensei que o Maia era só um idiota provocador, defensor da veja e todas as calhordice da mídia facista travestida de livre imprensa, mas não me enganei.
Ainda bem que Che não lhe encontrou no seu caminho teria sujado a bota.

sueli halfen ( POA) disse...

De acordo com a Sil... tem uma doença que o cara sabe ler ,mas não entende direito o que tá escrito...é um dos sintomas da Dislexia !

sueli halfen ( POA) disse...

de acordo tb com o Armando...mas se for dislexia...não tem jeito !

sueli halfen ( POA) disse...

Pro anônimo : Tu não tem nome e nem sobrenome...sem eira nem beira .
O Stédile tem nome e sobrenome e história.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, a revolução do reveillon de 1959 foi quase que pacífica. Os revolucionários entraram em La Habana, aclamados pelo povo que estava cansado de um regime tirano (e que era apoiado sim pelos EUA e pelas bancas de cassino) e praticamente não houve resistência. Em La Cabaña estavam os chefes da polícia do antigo regime e outras pessoas que foram sumariamente executadas, sob o comando de Che -- que não era como Lula -- ele sabia de tudo. Será que um herói, um ícone, um mito, faria realmente o que Che fez? Não estou aqui para defender a Veja, mas ela apenas está destacando - e com muita razão -- fatos históricos verdadeiros e que vc mesmo admite, Armando. Che matou muita gente e, de forma sumária, impiedosa, sem direito a qualquer defesa. Por isso ele é um herói torto. Não tem imbecil que admira Mussolini, Franco, Hitler, Stalin? Tem gosto para tudo, mas é fundamental que as pessoas sejam bem informadas.

Anônimo disse...

O anônimo é o gêmeo do Maia;
Quem emprega o Maia para fazer este papel facista e ridiculo?

Carlos de Castro disse...

Comparar Che Guevara a Hitler é uma aberração. Che cuidou de hansenianos, era médico, abandonou um cargo de ministro de estado para lutar na selva por um ideal. Sem mais comentários.

Anônimo disse...

O brabo foi q o maia leu a biblia q é a bio de che escrita por anderson e não entendeu patavinas.
Perdeu tempo e ainda fica papagaiando fatos soltos e decorados.
Maia, tem q ler, prestar atenção, entender e conectar a história, não é só para ler por cima e ver as figurinhas.

Guilherme Mallet disse...

Todos nós devemos nos orgulhar de Che. Nunca foi um assassino, é um guerreiro. Um guerreiro vivo.

sueli halfen ( POA) disse...

SIL...ele é sic !!!!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Nunca comparei, Castro, Che a Hitler. O fato de Che ter cuidado dos leprosos e de ter sido médico (pouco exerceu essa profissão) e de ter abandonado cargo de Ministro de Estado (porque estava ficando deprimido com as atividades burocráticas e resolveu fazer a revolução permanente de Trotsky) não deleta, não elimina as atrocidades, as desumanidades que ele cometeu no quartel de La Cabaña que ele comandou. O que vocês querem é deletar da história de Che seu lado obscuro, seu lado negro, seu lado triste, seu lado desumano. Ninguém aqui está inventando historinhas. Li Anderson e li Castañeda e os dois dizem que Che comandou execução sumária de pessoas neste quartel. E -- insisto -- a revolução cubana depois do 01 de janeiro de 59 foi praticamente pacífica. Não houve maiores lutas. Praticamente não houve resistência. Não era necessário matar tanta gente no paredón. É que Che sempre teve um temperamente difícil, sempre quis fazer a revolução a fórceps, doa a quem doer, não interessam os meios. Mas não se pode encobrir a verdadeira história. Quem quer saber a verdade acredita, quem quer saber a mentira é catequisado.

Anônimo disse...

"Quem quer saber a verdade acredita, quem quer saber a mentira é catequisado."
O Maia e a Opus Dei catequisam. A Opus Dei a Veja e o Maia, isto que eu chamo de saco de maldade.

Carlos de Castro disse...

http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=1103

Carlos Eduardo da Maia disse...

Caro de Castro, a revista forum parece mais o diario gaucho (não confundir com este blog). Quer dizer, então, que "para o humanismo revolucionário, a guerra empreendida pelo povo é a única resposta necessária e a única possível dos oprimidos contra os opressores que patrocinam a violência institucionalizada." Mas qualquer imbecil, os Hitler da vida, o Mussolini, o Franco da vida, o Stalin e politburo se acham donos da vontade popular. Qualquer pessoa bem oportunistinha vai matar um monte de gente porque a causa é justa: a única necessária e possível para salvar os oprimidos da violência institucionalizada. Ora, ora, pipocas, conta outra que essa não pegou!

sueli halfen ( POA) disse...

Ai...por ZEUS..." não confundir com esse blog" hahahahahaha

Maia...cada vez que me lembro dessa frase...tenho que rir!

abraço sueli

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